Higiene vaginal - que cuidados deve ter

Cuidar do nosso corpo é essencial para vivermos uma vida confortável, saudável e feliz. Ainda assim, um cuidado que por ser tão íntimo fica muitas vezes caído no esquecimento ou é alvo de estigmas que impedem a sua normalização, é a higiene vaginal.

A higiene vaginal engloba tanto o cuidado com a vulva, a parte externa dos genitais que deve ser higienizada diariamente, como o cuidado com a vagina, a parte interna que tem capacidade de se limpar automaticamente e por isso não deve ser lavada, mas antes cuidada a partir de dentro.

Hoje falamos abertamente dos cuidados a ter com a sua higiene íntima!

Higiene diária

Como a vagina é autolavante, a limpeza diária deve ser feita apenas à vulva.

A limpeza da vulva deve ser simples e delicada. Utilize apenas água morna e um sabonete íntimo suave, com pH equilibrado e sem perfume. Durante o banho, separe suavemente as dobras da pele para remover secreções acumuladas, sempre com as mãos previamente limpas.

Evite:

• Duches vaginais – A prática de lavar a vagina, em vez da vulva, não só é desnecessária como pode perturbar o equilíbrio da flora vaginal e aumentar o risco de infeções.
• Cuidados perfumados – Os genitais são compostos por uma pele muito sensível, e precisam de cuidados suaves. Fórmulas agressivas poderão levar a irritações, infeções ou alergias.

Se optar por depilar a área genital, evite cremes depilatórios pois são agressivos, e caso use lâmina, certifique-se de que esteja limpa e afiada.

Durante a menstruação

A higiene íntima torna-se um cuidado ainda mais preponderante durante o período menstrual, de modo a prevenir infeções e garantir o conforto numa fase que é tantas vezes desconfortável.

Durante este período, deve reforçar a limpeza da vulva sempre que trocar o penso/tampão/ copo menstrual ou que vá à casa de banho. Para além disso, deve trocar o seu dispositivo de higiene menstrual com regularidade, e idealmente a cada 3 ou 4 horas dependendo da intensidade do fluxo.

Atenção: Deixar um tampão no canal vaginal durante longos períodos de tempo aumenta o risco de Síndrome do Choque Tóxico (SCT), uma doença bacteriana rara mas grave.

As alterações hormonais ao longo do ciclo menstrual também são um aspeto a ter em consideração quando se aborda a higiene íntima.

Durante a ovulação o estrogénio aumenta podendo provocar maiores quantidades de corrimento vaginal, pelo que deve proceder a uma higiene mais frequente e escolher tecidos respiráveis (como o algodão) para a sua roupa interior.

Na fase lútea, que sucede a menstruação, a pele tende a ficar mais oleosa e como tal necessita de cuidados ajustados.

Após a menopausa, é comum a vulva apresentar um ressecamento. Nestes casos, pode ser necessário o uso de hidratantes íntimos ou reposição hormonal, sempre com orientação médica.

Estar atenta a estas mudanças permite gerir melhor o desconforto, os odores e a sensibilidade, usando produtos adequados a cada momento do ciclo.

Para além da higiene

Equilíbrio nutricional = equilíbrio vaginal

Como acontece em todo o corpo, a saúde vaginal começa a partir de dentro. Uma alimentação completa e equilibrada é essencial para garantir o bom funcionamento dos mecanismos que regulam e protegem a vagina.

Alimentos ricos em probióticos, como iogurte natural, kefir, chucrute, kimchi e outros alimentos fermentados, contêm micro-organismos vivos benéficos que ajudam a equilibrar a microbiota vaginal, dificultando a proliferação dos fungos e bactérias responsáveis pelas infeções.

O consumo consistente de água é também essencial, devido ao seu papel na eliminação de toxinas, prevenindo infeções urinárias, e na hidratação da pele, tornando os tecidos das zonas vulvar e vaginal mais elásticos e saudáveis.

A suplementação é também um cuidado fundamental na saúde sexual. Uma nutrição adequada por vezes necessita de um complemento para se manter equilibrada:

• Vitamina C e Vitamina E – Antioxidantes que ajudam a proteger as células da mucosa vaginal contra agressões e inflamações. A vitamina C fomenta a manutenção da elasticidade dos tecidos, enquanto a vitamina E hidrata e potencia a sua regeneração.
• Ómega-3 e Ómega-6 – Ácidos gordos com propriedades anti-inflamatórias, que ajudam a manter a hidratação natural da pele e das mucosas, enquanto contribuem para o equilíbrio hormonal.
• Proteína e colagénio - A ingestão adequada de alimentos proteicos (como ovos, peixe, carne e leguminosas) é fundamental para a renovação celular e a regeneração dos tecidos vaginais. O colagénio, por sua vez, ajuda a manter a firmeza, elasticidade e resistência da região íntima.

Escolher os cuidados certos

Quando escolher os seus cuidados íntimos, opte por:

• Absorventes, tampões ou coletores adequados ao seu fluxo.
• Lubrificantes à base de água.
• Roupa interior respirável, larga e clara (de modo a identificar alterações no corrimento vaginal).

E evite:

• Roupas apertadas.
• Tecidos sintéticos.
• Lubrificantes à base de óleo (que podem causar irritações ou danificar o látex do preservativo).

Quando procurar um médico

Algumas alterações na área genital podem indicar a necessidade de avaliação médica. Fique atenta aos seguintes sinais:

• Corrimento alterado (cor, cheiro forte, textura espessa).
• Comichão persistente, ardor ou dor.
• Feridas, bolhas ou verrugas.
• Dor nas relações sexuais.
• Sangramento fora do ciclo ou alterações menstruais contínuas.

A melhor forma de cuidar da sua saúde sexual é com práticas simples, produtos adaptados, uma boa alimentação e acompanhamento ginecológico regular.

Cuidar da sua saúde íntima é um ato de autocuidado e respeito pelo seu bem-estar.